Cannabis medicinal no Brasil: avanços, desafios e o caminho para o direito à saúde
- Diretoria ABFV

- 25 de nov.
- 3 min de leitura

A Cannabis sativa é oficialmente reconhecida como planta medicinal no Brasil, mas ainda enfrenta altos custos, falta de regulamentação e preconceitos históricos. Entenda os desafios e caminhos para garantir o acesso justo e seguro à Cannabis medicinal.
Introdução
O uso medicinal da Cannabis sativa tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões sobre saúde pública e terapias integrativas no Brasil. Apesar dos avanços legais e científicos, o caminho para que a população tenha acesso efetivo a medicamentos derivados da planta ainda é longo e repleto de desafios.
Neste artigo, vamos compreender o contexto atual da Cannabis medicinal no país, os principais entraves que ainda dificultam seu uso e o papel da educação e das políticas públicas na transformação desse cenário.
🌿 Reconhecimento oficial da Cannabis medicinal
A Cannabis sativa, planta envolta em debates científicos e morais, é oficialmente reconhecida como planta medicinal no Brasil, conforme a RDC 156/2017.Além disso, ganhou uma monografia na Farmacopeia Brasileira 7ª edição (2024) — algo que não acontecia desde a 1ª edição, em 1929.
Desde 2019, o país também permite a produção e comercialização de produtos de Cannabis, conforme a RDC 327/2019, e a Lei 11.343/2006, que legaliza seu uso para fins medicinais.
À primeira vista, esse cenário parece promissor. No entanto, a realidade ainda apresenta desigualdades de acesso, lacunas regulatórias e forte estigma social em torno da planta.
💰 1. O alto custo e a necessidade de acesso pelo SUS
Um dos maiores obstáculos é o alto custo dos medicamentos canabinoides, que impede seu acesso pela maior parte da população.
Diversos movimentos sociais e instituições defendem que o Sistema Único de Saúde (SUS) também disponibilize esses medicamentos.
Uma proposta viável é a dispensação pelas Farmácias Vivas, diretamente nas Unidades de Saúde municipais, fortalecendo o acesso, a atenção básica e a autonomia dos municípios.
⚖️ 2. Falta de regulamentação medicinal específica
Apesar de a legalização medicinal existir desde 2006, a Cannabis ainda não foi regulamentada como medicamento no país.
Essa ausência de regulamentação gera insegurança jurídica e científica, dificultando tanto os estudos clínicos quanto o uso terapêutico da planta.
Enquanto isso, profissionais de saúde e pesquisadores enfrentam barreiras que limitam o avanço da medicina canabinoide no Brasil.
🧾 3. Barreiras legais e burocráticas
A inclusão da Cannabis na Portaria 344/1998 da ANVISA, nas listas de entorpecentes e psicotrópicos (C1, E e F2), impõe restrições severas ao cultivo, manipulação e prescrição.
Embora essa Portaria seja atualizada periodicamente, ela constitui um dos maiores entraves à consolidação da Cannabis como ferramenta terapêutica segura e acessível.
Tais barreiras aumentam os custos, limitam a pesquisa científica e atrasam o desenvolvimento nacional no campo da saúde integrativa.
💭 4. O preconceito e a importância da educação
Mais do que um desafio legal, o preconceito social é um obstáculo histórico.
A Cannabis sativa é cultivada pela humanidade há mais de dez mil anos, mas foi criminalizada nas últimas décadas de forma injustificada à luz da ciência.
Mesmo após a descriminalização pelo Supremo Tribunal Federal (2024), ainda é urgente promover educação e conscientização sobre seu uso medicinal.
A transição da desinformação para o direito universal à saúde passa necessariamente pela educação em saúde, pela ética e pelo respeito à vida.
🌱 Um caminho de consciência e transformação
Superar esses desafios exige seriedade, serenidade e compromisso com a ciência.Enquanto o medo e o preconceito sustentarem a desinformação, estaremos comprometendo vidas e direitos humanos.
A Cannabis sativa é, antes de tudo, uma questão de saúde pública — e tratá-la dessa forma é essencial para construir um país mais justo, humano e informado.
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Referências:
- Lei 11.343/2006.
- Farmacopeia Brasileira, I Ed. 1929.
- Farmacopeia Brasileira, VII Ed. 2024.
- Ministério da Saúde, RDC 156/2017.
- Ministério da Saúde, RDC 327/2019.
- Ministério da Saúde, Portaria 344/1998
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